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domingo, 22 de abril de 2012

DIA DA TERRA - 22 DE ABRIL


O Dia da Terra vem ganhando cada vez mais importância desde que foi criado timidamente no início da década de 1970. Este ano, mais de 500 milhões de pessoas devem comemorar o Dia da Terra em 85 países, mas o mais importante é cuidar dela todos os dias, criando uma consciência comum aos problemas da poluição, conservação da biodiversidade e outras preocupações ambientais entre outras o fim da destruição de habitats fundamentais como as florestas tropicais e a proteção de espécies ameaçadas.

O DIA INTERNACIONAL DA MÃE TERRA, Pachamama em quéchua e aymara, comemorado em 1º de agosto, expressa a preocupação dos povos principalmente os indígenas de Abya Yala (América) pela destruição do planeta, a acelerada destruição de florestas e faunas e pela contaminação da água. Protetora, Senhora Espiritual, Dona da Fertilidade, são os significados que os povos indígenas das culturas andinas dão à Terra, uma veneração reconhecida pela Organização das Nações Unidas.

A Mãe Terra, conhecida por quéchuas e aymaras como PACHAMAMA, encerra outros significados segundo a visão tradicional de povos andinos. O antropólogo aymara Angel Yujra explicou que a palavra Pachamama vem de dois vocábulos aymara e quéchua. Pacha com seu significado de tempo, espaço e representação do todo, e Mama é a representação da categoria superior entre as mulheres, o mais alto cargo espiritual, político e de autoridade dentro de uma cultura ou confederação de nações. As duas palavras unidas representam a senhora com grande autoridade que maneja um espaço territorial, como Tiahuanacu ou o Tahuantinsuyo.

Tiahunacu é uma antiga civilização localizada no altiplano que rodeia o lago Titicaca, a oeste de La Paz, e estima-se que atingiu seu maior desenvolvimento por volta de 2000 antes de Cristo, enquanto o Tahuantinsuyo incluiu uma ampla área sul-americana e que hoje compreende as faixas costeiras do norte do Chile, Peru e Equador, e as zonas por onde se estende a cordilheira dos Antes na Argentina e na Bolívia, em uma área aproxima de três milhões de quilômetros quadrados. Segundo Yujra, o conceito de Pachamama é equivalente a uma senhora do cosmos das culturas dos povos do sul, hoje conhecidas como América Latina.

Nas zonas de planícies quentes e florestas ricas em flora e fauna, a Mãe Terra é a Casa Grande que guarda a floresta, a água, os animais e a natureza em seu conjunto. A cultura guarani denomina a terra como ÑANDERETA. Os povos guarayos, chiquitanos, mojeños e também os guaranis rendem um culto permanente à Terra e, antes de caçar ou pescar, os indígenas da região conversam com a natureza, pedindo licença para obter os frutos de suas entranhas. “Não se pode entrar disparando uma escopeta na floresta. É preciso pedir permissão com muita fé para caçar animais silvestres”.

Os ritos aymaras consideram a Pachamama como protetora de todos os nascidos nos povos do Sul, e seu nome se associa às sociedades agrícolas desenvolvidas antigamente nas terras ecológicas que compreendem desde a costa, o altiplano, os vales e a Amazônia. A Pachamama é considerada a senhora da fertilidade e as evocação é permanente em tempo de plantar e colher em uma sociedade agrícola que valoriza em alto grau o alimento produzido pela terra. 

Em agradecimento à abundante colheita ou para pedir um ano com clima favorável para a produção agrícola, os indígenas andinos realizam um tributo em maio e agosto. As oferendas consistem em ervas escolhidas para rituais, doces, papel colorido, gordura animal e fetos de llama, que são colocados em uma cova no chão para agradecer a Pachamama. Outra época em que se agradece à Terra é a temporada de chuvas, antigamente chamada de Anata, e agora conhecida como carnaval – um tempo em que as plantações estão florescentes. 

Após a colonização espanhola, os povos indígenas associaram Pachamama com a Virgem Maria, um costume mantido até hoje. Isso se deveu a uma tentativa dos jesuítas, principais missões católicas, em evangelizar os povos nativos e substituir seus deuses e costumes pela cultura cristã européia.

O culto à Mãe Terra não diminuiu em 400 anos de colonialismo. E a incorporação da religião católica entre os povos indígenas terminou em um processo intercultural onde se compartilha padrões culturais como um intercâmbio de produtos espirituais e materiais.

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