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sábado, 8 de maio de 2010

O Louco - Gibran Khalil Gibran

Para aqueles que se acham um maluco qualquer
Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim: um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas - as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas - e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente, gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim e quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “É um louco!”.
Olhei para cima, pra vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua. Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei: “Benditos, bendito os ladrões que roubaram minhas máscaras!”
Assim me tornei louco. E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: e a segurança de não ser compreendido, pois aquele desigual que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.


Khalil Gibran

Um comentário:

Marcos A. Rondineli disse...

No princípio havia Deus e então dele toda a vida se afastou.
Para apreciar a beleza, maluco, como toda ela, me tornei.

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